Em 1967 a NHL decidiu expandir-se para aumentar seu mercado e visibilidade. Fora as seis equipes que já faziam parte da liga, outra meia dúzia de times foram inseridos no maior campeonato de hóquei no gelo do mundo.
Entre esses seis novos participantes estava o Pittsburgh Penguins, uma franquia que tinha como tarefa repetir o sucesso do Pittsburgh Hornets (AHL) e cativar a torcida local.
Quando os Pens ingressaram na liga, o Pirates já havia conquistado três World Series e o Steelers estava começando a apresentar melhoras. Em linhas gerais, o beisebol era um esporte consolidado em Pittsburgh e o futebol americano também caminhava para tal sucesso...
Enquanto isso, o hóquei profissional da NHL chegava como novidade aos moradores da "cidade do aço", que no começo simpatizaram com a nova equipe e passaram a apoia-la.
Passaram-se alguns anos e as franquias esportivas da cidade continuavam em franca ascensão. O Pirates conquistou seus últimos dois títulos de World Series (1971 e 1979) e o Steelers tornou-se uma grande potência do futebol americano, vencendo quatro vezes o Super Bowl (1974, 1975, 1978 e 1979). Mas e os Pens?
A equipe de hóquei no gelo foi a única que não conquistou títulos durante os anos 70, e para piorar quase foi relocada em decorrência de problemas financeiros.
Com duas equipes esportivas em alta, e uma em baixa, os torcedores locais de Pittsburgh abandonaram aos poucos os Pens. O time não correspondia a altura das expectativas criadas e não se tinha nem a certeza de quanto tempo o hóquei no gelo continuaria na "cidade do aço".
Enquanto o mercado local da NFL e da MLB cresciam embalados no sucesso de Steelers e Pirates, a NHL não agradava nem um pouco devido aos fracassos acumulados pelo Penguins.
A situação mudou somente em 1984 quando um jogador novato de grande badalação foi escolhido pelo Penguins no draft. Seu nome era Mario Lemieux, um jovem canadense que atuava como center e tinha uma habilidade inigualável... Ele era o único que poderia tirar os Pens do buraco e recuperar a credibilidade da franquia.
Neste mesmo período, o Steelers e o Pirates entravam em decadência. Era a grande chance do Penguins de conquistar os olhares dos torcedores locais e mostrar que a franquia de hóquei também era vitoriosa. Mas, faltava um título de expressão que confirmasse tal expectativa...
Sete anos após a chegada de Mario Lemieux, a primeira conquista do Penguins colocou fim ao status de ovelha negra da cidade. O título de expressão havia sido conquistado, e o interesse da torcida pelo Penguins também...
A primeira Stanley Cup da história dos Pens não serviu apenas para consagrar Lemieux como capitão, ela também foi fundamental para que o hóquei no gelo local fosse mais apreciado pelos moradores de Pittsburgh.
No ano seguinte o segundo título fez consolidou ainda mais a NHL na cidade do aço, e em 1993 uma derrota traumática para o Islanders fez com que Pittsburgh vivesse alguns dias de luto. O Penguins finalmente havia se tornado uma potência, assim como Steelers e Pirates
Infelizmente conforme o tempo passou uma série de problemas contribuíram para que aquela gloriosa equipe bicampeã da Stanley Cup aos poucos fosse se desmanchando. Ao longo do fim dos anos 90, o Penguins foi se tornando uma equipe fraca e o desinteresse da torcida voltou a aparecer.
As vitórias já eram raras, os problemas financeiros voltaram a tomar conta do ambiente e uma série de jogadores passaram a deixar a equipe. Os únicos remanescentes foram Jaromir Jagr e Mario Lemieux, mas o capitão vivia uma série de problemas de saúde e teve que se aposentar em 1997.
Tudo que havia sido conquistado foi perdido em pouco tempo, a torcida local voltou a abandonar os Pens e os problemas foram aumentando. Quatro anos após a aposentadoria de Lemieux, a franquia perdeu seu último grande jogador, o checo Jaromir Jagr que transferiu-se para o Capitals.
Um tombo financeiro fez com que pela segunda vez a equipe quase falisse, mas Mario Lemieux comprou a franquia e garantiu que o Penguins permaneceria em Pittsburgh.
O pesadelo dos Pens parecia longe de ter fim, e a única salvação seria uma reformulação geral. Para dar inicío ao processo, Mario Lemieux voltou atrás de sua aposentadoria e passou a liderar uma equipe fraca, mas que aos poucos ia melhorando conforme a nova gestão iniciava um processo de "renascimento". Porém isto não era suficiente para melhorar a classificação...
Ao menos as más colocações na tabela renderam boas escolhas no draft e duas novas promessas foram recrutadas, Evgeni Malkin e Marc-André Fleury.
A sorte também esteve ao lado do Penguins em 2005 quando Sidney Crosby acabou sendo recrutado na primeira escolha do draft, que foi conseguida após um sorteio.
Aos poucos o time ia se reerguendo e os moradores de Pittsburgh começaram a novamente prestar atenção nos movimentos ousados da franquia. O GM Ray Shero, homem de confiança dos diretores da franquia, realizava um bom trabalho que estava começando a apresentar resultados.
Lemieux decidiu aposentar-se de vez e Sidney Crosby assumiu a liderança da equipe, se tornando o capitão mais jovem dos Pens. Ao lado dele estavam outros jovens jogadores que desejavam por fim a pior época da história da franquia.
O grande trabalho que estava sendo feito deu seus primeiros frutos em 2008, ano em que o Penguins foi vice-campeão da liga e recuperou boa parte de seus torcedores. No ano seguinte veio a confirmação e consolidação da franquia com o tricampeonato da Stanley Cup, desta vez coroando uma nova geração.
Se não bastasse o título conquistado, a torcida também passou a ser tratada melhor por parte da diretoria, o que contribuiu para uma reconquista de espaço em Pittsburgh. Uma nova arena foi construída, uma série de programas de marketing foram feitos e o Winter Classic foi sediado na cidade do aço!
Em linhas gerais, a cidade de Pittsburgh passou a acolher melhor o Penguins devido a uma série de fatores, mas o nome que nome que responde a pergunta é apenas um: Mario Lemieux.
Essa postagem faz parte da série Especial Pittsburgh. Mais informações em: http://pittsburghpenguinsbrasil.blogspot.com.br/2013/06/especial-pittsburgh.html